sábado, 9 de março de 2019

“O feminismo totalitário converteu-se numa ameaça para as mulheres”


Tanto o ultrafeminismo como a extrema esquerda mentem sobre o país no qual vivem para torná-lo odioso e para justificar suas ideologias totalitárias! Sob o manto da igualdade, feministas defendem uma agenda apenas vinculada à ideologia de gênero e ao esquerdismo mais populista (continuar lendo).

sábado, 24 de março de 2018

A Suprema anarquia institucional

A Suprema anarquia institucional


O tão aclamado Ruy Barbosa – um dos pais da República no Brasil – tem um texto famoso sobre a degenerescência da moralidade pública: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” E acrescenta: “Essa foi a obra da República nos últimos anos”.

Mais adiante frisa ele que na destruição geral das instituições, “a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolve um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem" (Discursos Parlamentares - Obras Completas Vol. XLI - 1914 – Tomo III - pág. 86/87).

Suprema Corte acovardada
Como não recordar estas palavras ante a farsa montada na Suprema Corte para, numa gambiarra jurídica, obter um salvo-conduto para evitar que o ex-Presidente Lula seja preso, como é de justiça. Aquele que as investigações e as condenações da Justiça apontam como o cabeça da ORCRIM ideológica que prostituiu a democracia, aparelhou e pilhou o Estado, tentou impor um projeto de poder autoritário e se tornou conivente com ditaduras de esquerda a quem financiou; aquele condenado em primeira e segunda instâncias e a quem uma turma do STJ negou, por unanimidade, um Habeas Corpus.

Uma “Suprema Corte acovardada” – nas palavras do próprio Lula – vilipendia, quase diariamente, as leis e a sociedade.

Ditadura judicial do Supremo
Aliás, o Brasil parece cada vez mais afundado numa ditadura judicial protagonizada pelo STF, cujos Ministros decidem, de modo frequente, autocrática e monocraticamente; um Tribunal de “Supremos Ministros” que se imiscui e invade despudoradamente as prerrogativas de outros poderes; um Tribunal que legisla desinibidamente; um Tribunal que reescreve as legislações e a própria Constituição a seu bel prazer; um Tribunal que impõe à sociedade normas de conduta que ela jamais pediu; um Tribunal que compactua com a delinquência e poupa escancaradamente corruptos instalados em todos os poderes do Estado.

Convido os leitores do Radar da Midia a lerem o artigo de J. R. Guzzo, intitulado “Para o Juízo Universal” (Veja, 22.03.2018) no qual analisa a sessão do dia 22 de Março de 2018, durante a qual o País assistiu estupefato a um dos maiores vilipêndios da Justiça . “O STF é o melhor lugar do mundo para delinquentes top de linha” é a chamada da matéria:

  • "O Supremo Tribunal Federal já deixou, há muito tempo, de ter alguma relação com o ato de prestar justiça a alguém. O que se pode esperar da conduta de sete ministros, entre os onze lá presentes, que foram nomeados por um ex-presidente condenado a doze anos de cadeia e uma ex-presidente que conseguiu ser deposta do cargo por mais de 70% dos votos do Congresso Nacional? Outros três foram indicados, acredite quem quiser, por José Sarney, Fernando Collor e Michel Temer. Sobra um, nomeado por Fernando Henrique Cardoso – mas ele é Gilmar Mendes, justamente, ninguém menos que Gilmar Mendes. Deixem do lado de fora qualquer esperança, portanto, todos os que passarem pela porta do STF em busca da proteção da lei. Quer dizer, todos não — ao contrário, o STF é o melhor lugar do mundo para você ir hoje em dia, caso seja um delinquente cinco estrelas e com recursos financeiros sem limites para contratar advogados milionários. O STF, no fundo, é uma legítima história de superação. Por mais que tenha se degenerado ao longo do tempo, a corte número 1 da justiça brasileira está conseguindo tornar-se pior a cada dia que passa e a cada decisão que toma. Ninguém sabe onde os seus ocupantes pretendem chegar. Vão nomear o ex-presidente Lula para o cargo de Imperador Vitalício do Brasil? Vão dar indulgência plenária a todos os corruptos que conseguirem comprovar atos de ladroagem superiores a 1 milhão de reais? Vão criar a regra segundo a qual as sentenças de seus amigos, e os amigos dos amigos, só “transitam em julgado” depois de condenação no Dia do Juízo Universal?

    Os ministros do STF, com as maiorias que conseguem formar hoje em dia lá dentro, podem fazer qualquer coisa dessas, ou pior. Por que não? Eles vêm sistematicamente matando a democracia no Brasil, com doses crescentes de veneno, ao se colocarem acima das leis, dos outros poderes e da moral comum. Mandam, sozinhos, num país com 200 milhões de habitantes, e ninguém pode tirá-los dos seus cargos pelo resto da vida. O presente que acabam de dar a Lula é apenas a prova mais recente da degradação que impõem ao sistema de justiça neste país. Foi uma decisão tomada unicamente para beneficiar o ex-presidente – chegaram a mudar o que eles próprios já tinham resolvido a respeito, um ano e meio atrás, quando declararam que o sujeito pode ir para a cadeia depois de condenado na segunda instância. É assim que se faz em qualquer lugar do mundo onde há justiça de verdade — afinal, as penas de prisão precisam começar a ser cumpridas em algum momento da vida. Para servir a Lula, porém, o STF estabeleceu que cadeia só pode vir depois que esse mesmo STF decidir, no Dia de São Nunca, se vale ou não vale prender criminoso que já foi condenado em primeira e segunda instâncias (no caso de Lula, por nove juízes diferentes até agora), ou se é preciso esperar uma terceira, ou quarta, ou décima condenação para a lei ser enfim obedecida. Falam que a decisão foi “adiada”, possivelmente para o começo de abril. Mentira. Já resolveram que Lula está acima da lei – como, por sinal, o próprio Lula diz o tempo todo que está.

    O STF atende de maneira oficial, assim, não apenas a Lula, mas aos interesses daquilo que poderia ser chamado de “Conselho Nacional da Ladroagem” – essa mistura de empreiteiras de obras públicas que roubam no preço, políticos ladrões, fornecedores corruptos das estatais e toda a manada de escroques que cerca o Tesouro Nacional dia e noite. Para proteger essa gente o “plenário” está disposto a qualquer coisa. Ministros se dizem “garantistas”, como Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello, e juram que seu único propósito é garantir o “direito de defesa”. Quem pode levar a sério uma piada dessas? A única coisa que garantem é a impunidade. No julgamento do recurso de Lula, o ministro Ricardo Lewandowski teve a coragem de dizer que a decisão não era para favorecer o ex-presidente, mas sim “milhares de mulheres lactantes” e “crianças” que poderiam estar “atrás das grades” se o STF não mandasse soltar quem pede para ser solto. É realmente fazer de palhaço o cidadão que lhe paga o salário. O que uma coisa tem a ver com a outra? Porque raios não se poderia soltar as pobres mulheres lactantes que furtaram uma caixinha de chicletes e mandar para a cadeia um magnata que tem a seu serviço todos os advogados que quer? Tem até a OAB inteira, se fizer questão. À certa altura, no esforço de salvar Lula, chegaram a falar em “teratologia”. Teratologia? Será que eles acham que falando desse jeito as pessoas dirão: “Ah, bom, se é um caso de teratologia…” Aí fica tudo claríssimo, não é mesmo? É um mistério, na verdade, para o que servem essas sessões do STF abertas ao “público”. Depois que um ministro assume a palavra e diz “boa tarde”, adeus: ninguém entende mais uma única palavra que lhe sai da boca; talvez seja mais fácil entender o moço que fica no cantinho de baixo da tela, à direita, e que fala a linguagem dos surdos-mudos. Sem má vontade: como seria humanamente possível alguém compreender qualquer coisa dita pela ministra Rosa Weber? Ou, então, pelos ministros Celso de Mello, ou Marco Aurélio? É chinês puro.

    O espetáculo de prestação de serviço a Lula veio um dia depois, justamente, de uma briga de sarjeta, na frente de todo o mundo, entre os ministros Luis Roberto Barroso e Gilmar Mendes. Entre outras coisas, chamaram-se um ao outro de “psicopata” ou de facilitador para operações de aborto. Por que não resolvem suas rixas em particular? É um insulto ao cidadão brasileiro. Por que precisam punir o público pela televisão (aliás, paga pelo mesmo público) com a exibição de sua valentia sem risco? Os ministros dão a qualquer um, depois disso, o direito de chamá-los de psicopatas ou advogados de abortos clandestinos – por que não, se fizeram exatamente isso e continuam sendo ministros da “Corte Suprema”? Dias ruins, com certeza, quando pessoas desse tipo têm a última palavra em alguma coisa – no caso, nas questões mais cruciais da justiça e, por consequência, da democracia. É o mato sem nenhuma esperança de cachorro, realmente. A televisão nos mostra umas figuras de capa preta, fazendo cara de Suprema Corte da Inglaterra e dizendo frases incompreensíveis. O que temos, na vida real, é um tribunal de Idi Amin, ou qualquer outra figura de pesadelo saída de alguma ditadura africana.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

“Pray for Barcelona!”

“Pray for Barcelona!”


Mais um atentado islâmico, covarde, brutal e cruel. Desta vez em Barcelona, contra transeuntes de várias nacionalidades que, despreocupados, numa ensolarada tarde de Verão, desfrutavam do lazer no famoso calçadão de Las Ramblas, na capital da Catalunha.

Terroristas plenejavam grande atentado
Ao volante de uma van, um terrorista islâmico irrompeu numa corrida louca no calçadão e, ao longo de 500 metros, atropelou a esmo quem estava diante de si, inclusive crianças e bebês. Treze mortos, mais de cem feridos, quinze dos quais em estado grave.

Um segundo ataque, poucas horas depois, se deu em Cambrilis, Tarragona. Um outro veículo, conduzido por terroristas, também foi jogado sobre pedestres, ferindo sete pessoas, uma das quais veio a falecer. A polícia abateu os cinco terroristas.

Na noite anterior aos atentados, uma explosão se dera numa casa em Alcanar. As forças de segurança espanholas crêem que a mesma foi fruto da manipulação de substâncias com as quais os terroristas preparavam um grande atentado com veículos-bomba. Após a falha, improvisaram os ataques da La Rambla e Cambrilis.

Estado Islâmico reivindica
A Catalunha é conhecida pelos serviços secretos europeus como um dos principais centros do terrorismo islâmico. E as ações terroristas de atropelar pedestres repetiram a estratégia dos atentados em Nice, Berlim, Londres, Estocolmo.

A dantesca visão de cadáveres e de corpos feridos jogados na calçada correu o mundo, gerando espanto e confusão. E, evidentemente, tiveram início as reações. As de costume. As indecisões, as dúvidas... sobre aquilo que não é indeciso nem duvidoso. Por fim, o Estado Islâmico reivindicou os atentados como atos de seus “soldados” em solo espanhol.

“Pray for Barcelona”
As páginas das redes sociais começaram a encher-se de fotos com os dizeres “pray for Barcelona”, como já tinha acontecido anteriormente nos diversos atentados: “pray for Nice”, “pray for London”, etc. E, claro, pouco depois não faltariam as flores e as velas no local do massacre.

A prece é algo de muito precioso e até sublime, fora de dúvida. Mas tenho impressão de que essas preces são, muitas vezes, mencionadas com o estado de espírito de certas crises de lágrimas e de soluços humanitários, momentâneos, mas sem maiores consequências: um modo de acalmar a consciência para, logo em seguida, prosseguir no indiferentismo e na rotina do dia-a-dia. Afinal a maneira de fugir da dor é muitas vezes anestesiar-se diante dela; e o meio pode muito bem ser uma prece mecânica e filantrópica.

“Vigiai e orai”
Ora Nosso Senhor, nos momentos que antecederam sua Paixão, ensinou-nos: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação”. “Vigiai e orai”. Este apelo à vigilância, antes mesmo da oração, é uma advertência contra nossa índole despreocupada e bonacheirona, amiga de pactuar, adversa ao esforço e a considerar de frente o mal. Ele nos ensinou, pois, antes de tudo a vigiar, para não entrarmos em tentação, já que o mal não recua diante de nada e não recuou sequer ao matar o Homem-Deus, o Inocente por excelência.

“Vigiai”: diante do mal, todas as desconfianças são rigorosamente necessárias, já que é ele capaz até mesmo das piores infâmias. Contra ele devem empregar-se todas as atitudes preventivas, inclusive de força, conformes à Lei de Deus e dos homens. O otimismo bobo, o não considerar o perigo, o adiar o combate ao mal são verdadeiros crimes de quem não quer vigiar. E nossa oração só atingirá todo o seu fruto se vigiarmos, como nos ensina o Divino Redentor.

Paganismo insolente
Diante do atentado terrorista islâmico de Barcelona não fechemos os olhos, uma vez mais, apelando a uma prece vaga. Tenhamos coragem de ver o perigo, de analisá-lo, de enfrentá-lo com sabedoria e fé. O Islã, que hoje procura o Ocidente para se refugiar de seus próprios fracassos políticos, sociais e econômicos, se manifesta em muitos de seus elementos “como um paganismo insolente, opressivo, xenófobo e com ares racistas”, como com previdente vigilância advertia, em 1943, Plinio Corrêa de Oliveira, em um de seus célebres artigos no “Legionário” (cfr. “Neopaganismo”, 8-8-1943).

Não nos esqueçamos de que o mal é de tal forma ardiloso que não se esquiva sequer de usar suas máquinas de propaganda para tentar justificar os assassinos, diminuir a gravidade dos atos terroristas, escamotear seus fundamentos, enquanto, manipulando palavras e termos “talismãs” – como “islamofobia” – tenta inibir qualquer reação e voltar a desconfiança contra as próprias vítimas da barbárie.

Sim, “pray for Barcelona”. Mas não nos esqueçamos das palavras de Nosso Senhor: “Vigiai e orai”, para que nossas preces não sejam vãs.

* * *

Acabo de receber de um amigo a fotografia da estátua del “Mio Cid”, Rodrigo Díaz de Vivar, o lendário cavaleiro castelhano do século XI que enfrentou os muçulmanos por diversas vezes. Segundo reza a lenda, às vésperas de uma batalha contra os infiéis, “El Cid Campeador” faleceu de ferimentos em seu castelo de Valência. Seus adversários ficaram confiantes pois haviam finalmente matado o El Cid. Entretanto, sua mulher mandou amarrar seu corpo ao cavalo e sua espada a sua mão e o enviou ao campo de batalha. Ao ver El Cid em cima do seu cavalo os muçulmanos fugiram em debandada sendo perseguidos e derrotados pelo exército de Rodrigo.

Numa das faces do pedestal da estátua de “El Cid”, na cidade espanhola de Burgos, está escrito: “O Campeador, levando consigo sempre a vitória, foi, por sua infalível clarividência, pela prudente firmeza de seu caráter, e pela sua heróica bravura, um milagre entre os grandes milagres do Criador”.

Espelhemo-nos no Cid Campeador, um homem que, em relação a si e ao mal, teve uma “infalível clarividência” e foi vitorioso por seguir o conselho do Divino Mestre: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação”!

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

As (in)seguras urnas eletrônicas

As (in)seguras urnas eletrônicas


Vejo que alguns espíritos já se assanham com a disputa presidencial de 2018.

Lula – o condenado – deu o mote ao espalhar a tese de que uma eleição sem sua candidatura seria uma eleição ilegítima. Repetida religiosamente por serviçais ideológicos, tal torpeza é também vocalizada pelos “isentões” de plantão.

Mas há outras candidaturas que se vão desenhando e o clima de disputa já se acende, embora, pessoalmente, creia que ainda teremos surpresas a pavimentar o percurso eleitoral.

Sistema eletrônico de votação
Mas... mas, eleições falam de votos; e votos falam de urnas; e urnas falam de urnas eletrônicas. É para elas que volto neste momento o meu olhar.

Enquanto os ânimos se acirram em torno de possíveis candidaturas, o sistema de urnas eletrônicas pode condicionar tudo e deixar a disputa eleitoral sem sentido. Afinal já houve quem afirmasse que, no presente, urnas estão vencendo eleições.

Há já um bom tempo alguns heróis vêm batalhando para fazer chegar ao debate público as suspeitas sobre urnas eletrônicas.

Chamo-os de heróis, propositadamente, pois as máquinas da publicidade, os meios ditos “oficiais” (político, jurídico, midiático) sempre tentam esmagar esses esforçados batalhadores sob o peso de epítetos de “lunáticos”, “teóricos da conspiração”, etc.

Nos últimos dias, entretanto, o debate ganhou dimensão internacional. E acendeu as luzes amarelas (ou vermelhas) no TSE e nos defensores à outrance da “segurança” das urnas eletrônicas.

Smartmatic constata fraude
Antonio Mugica, o CEO da empresa Smartmatic – que desde 2004 controla o sistema eleitoral venezuelano – em conferência de imprensa em Londres (sede atual da empresa) atestou que o sistema das urnas foi fraudado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, no que diz respeito ao número de votantes no ilegítimo processo eleitoral para a escolha de uma Assembleia Nacional Constituinte, promovida pelo ditador Nicolás Maduro.

Conclusão: as tão seguras e invioláveis urnas eletrônicas foram fraudadas e muito.

Antes de prosseguir formulo aqui dúvidas que assaltam o espírito e são difíceis de elidir: como não suspeitar (e muito!) da última eleição presidencial no Brasil, em 2014, e da estranhíssima e secreta apuração de resultados que deu uma vitória diminuta a Dilma? Será que só na Venezuela o sistema das urnas eletrônicas é fraudável?

Hackers violam urnas
Outro evento internacional, de grande porte, veio reforçar o debate sobre a (in)segurança do sistema eleitoral por meio de voto eletrônico.

Todas as urnas – de qualquer marca e qualquer modelo – são facilmente fraudáveis. Não, não sou “teórico da conspiração” e a afirmação não é minha. A conclusão é da maior conferência “hacker” do mundo, a Defcon, realizada anualmente em Las Vegas.

A grande novidade na sessão deste ano foi precisamente a decisão dos “hackers” de investigarem, pela primeira vez, a segurança das urnas eletrônicas.

Todos os modelos testados – inclusive os usados no Brasil – foram violados facilmente, em menos de duas horas. E a manipulação das urnas digitais pode não deixar qualquer tipo de rastro.

Leia abaixo o importante artigo de Ronaldo Lemos, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Mestre em Direito por Harvard, Pesquisador e representante do MIT Media Lab no Brasil, publicado na Folha de S. Paulo (07.08.2017) sob o título “Hackeando as urnas digitais”:

  • Foi realizada há poucos dias a maior conferência "hacker" do planeta, a Defcon, que acontece anualmente em Las Vegas, nos EUA.

    Nesta edição, a novidade foi que hackers investigaram pela primeira vez a segurança das urnas eletrônicas. A conclusão não é animadora. Todos os modelos testados, invariavelmente, foram facilmente invadidos em menos de duas horas.

    Esse experimento acende uma luz amarela para o Brasil, grande usuário de urnas digitais, especialmente em face das eleições vindouras.

    A Defcon acontece desde 1993. Neste ano, atraiu mais de 20 mil pessoas, incluindo profissionais de segurança, advogados, jornalistas, agentes governamentais e, obviamente, hackers.

    A decisão de se debruçar sobre as urnas eletrônicas decorre de um contexto em que ciberataques internacionais estão se tornando cada vez mais comuns nos processos eleitorais das democracias do Ocidente. Nesse cenário, qualquer sistema digital pode ser vítima de manipulação, e as urnas não são exceção.

    Mais de 30 máquinas foram testadas, de várias marcas e modelos, incluindo Winvote, Diebold (que fabrica as urnas brasileiras), Sequoia ou Accuvote.

    Algumas foram hackeadas sem sequer a necessidade de contato físico, utilizando-se apenas de uma conexão wi-fi insegura. Outras foram reconfiguradas por meio de portas USB. Houve casos de aparelhos com sistema operacional desatualizado, cheio de buracos, invadidos facilmente. O fato é que todas as urnas testadas sucumbiram.

    Nas palavras de Jeff Moss, especialista em segurança da internet e organizador da conferência, o objetivo do experimento foi o de "chamar a atenção e encontrar, nós mesmos, quais são os problemas das urnas. Cansei de ler informações erradas sobre a segurança dos sistemas de votação".

    Um problema é que a manipulação de uma urna digital pode não deixar nenhum tipo de rastro, sendo imperceptível tanto para o eleitor quanto para funcionários da justiça eleitoral.

    Uma máquina adulterada pode funcionar de forma aparentemente normal, inclusive confirmando na tela os candidatos selecionados pelo eleitor. No entanto, no pano de fundo, o voto vai para outro candidato, sem nenhum registro da alteração.

    Há medidas para se evitar esse tipo de situação. Por exemplo, permitir que as urnas brasileiras possam ser amplamente testadas pela comunidade científica do país, em busca de vulnerabilidades. Quanto mais gente testar e apontar falhas em uma máquina, mais segura ela será. Outra medida é fornecer mais informações públicas sobre as urnas. No site do TSE, o único documento sobre segurança é um gráfico que não serve para qualquer tipo de análise.

    Nenhuma dessas soluções está em prática hoje no Brasil. Com isso, ou acreditamos que as urnas brasileiras são máquinas singulares, muito superiores àquelas utilizadas em outros lugares do planeta, ou constatamos que elas são computadores como quaisquer outros, que se beneficiariam e muito de processos de transparência e auditabilidade.

Curiosamente o TSE assegura a total segurança e inviolabilidade das urnas eletrônicas e sempre se esquivou de implantar sistemas de controle do voto eletrônico, como por exemplo o voto impresso, em afronta aos dispositivos legais aprovados no Congresso.

Ainda agora o Presidente do TSE, Ministro Gilmar Mendes, apresenta uma versão enganosa de “problemas” para a implantação do sistema do voto impresso, aprovado em lei pelo Congresso, a fim de manter o sistema inauditável.

Quem garante dogmaticamente a segurança das urnas inseguras e violáveis? Com que finalidade?

terça-feira, 18 de julho de 2017

As “leis” do Supremo

As “leis” do Supremo


Uma das heranças malditas de treze anos de governos lulopetistas foi, por certo, o debilitamento e a agonia das instituições.

STF fonte de insegurança jurídica
O Supremo Tribunal Federal, outrora respeitado pela sua acentuada discrição e habitual equilíbrio, encontra-se envolto em polêmicas, dissensões internas e decisões imprevisíveis. Há quem fale até em onze STFs, de tal maneira assistimos a uma “balcanização” do Supremo Tribunal Federal.

A insegurança jurídica é disseminada para o resto do País pela Corte que deveria ser a guardiã da Constituição e da estabilidade. Por tais motivos, o Supremo e seus ministros estão cada vez mais desacreditados e desprezados junto ao grande público.

Nervos à flor da pele
“A plateia, atônita, fica sem entender” e a “sociedade acha que os Ministros estão fazendo alguma pegadinha”, comenta Vera Magalhães, em artigo para O Estado de S. Paulo (02.07.2017), sobre as decisões contraditórias ou infundadas do STF.

Eliane Cantanhêde, por sua vez, analisa em concreto um desses embates decisórios na Suprema Corte do país que contrapõe princípios e regras e deixa os ministros com os nervos à flor da pele:

“Marco Aurélio, meia hora antes do início do recesso, surpreendeu Fachin e todo o STF ao desfazer as decisões do relator da Lava Jato sobre Aécio. (...) Marco Aurélio citou o voto popular e a independência entre os Poderes, mas foi ele quem mandou destituir o então presidente do Senado, Renan Calheiros, criando uma crise entre Judiciário e Legislativo e mal-estar entre os colegas” (O Estado de S. Paulo, “Campeonato no STF”, 02.07.2017).

Politização da Justiça
No jornal O Globo (01.07.2017), o Professor de Direito na FGV do Rio de Janeiro, Joaquim Falcão, aborda igualmente as decisões opostas dos Ministros Edson Fachin e Marco Aurélio Melo sobre o Senador Aécio Neves, ambas teoricamente baseadas na interpretação constitucional de dispositivos.

Este modo de ser do STF, desestabilizador da vida nacional, leva a uma preocupação grave, ressalta Joaquim Falcão: “As consequências políticas conflitantes das duas decisões levantam e expõem a todos os cidadãos problema muito maior do que a judicialização da política; é a politização da Justiça” (“Decisões conflitantes e a politização da Justiça”).

Poderes supremocráticos
Os professores Dimitri Dimoulis (Direito Constitucional na FGV-SP) e Soraya Lunardi (Direito Público na Unesp) escrevem para seção Tendências/Debates, do jornal Folha de S. Paulo (17.07.2017) um artigo intitulado “As leis do Supremo”, em que tecem considerações a respeito do papel do STF no cenário político-institucional do País e seus poderes “supremocráticos”:

  • A Constituição é aquilo que o STF diz que ela é. Se pudéssemos sintetizar algum padrão de decisão em relação a assuntos constitucionais, essa frase seria a mais absoluta verdade. (...)

    Chegamos em 2017. Os comentaristas das recentes prisões e afastamentos relacionados à corrupção sistemática concordam em um ponto: o STF terá a última palavra em todas as importantes questões.

    Caberá à Suprema Corte decidir se a eventual eleição de presidente da República será direta ou indireta; afastar parlamentares de sua função, se o considerar oportuno, mesmo na falta de previsão constuticional para tanto; intervir na ordem sucessória, afastando candidatos; definir normas de possível eleição indireta e apreciar a constitucionalidade de eventuais emendas e leis sobre eleição para presidente.

    Em todos esses casos, o STF poderá dizer o que a Constituição é. Ou decidirá o que a República deverá ser. Nada indica que isso será feito respeitando regras procedimentais e substanciais da Constituição que estabelecem a divisão do poder entre autoridades estatais. (...)

    O STF recorre aos poderes que Oscar Vilhena apelidou supremocráticos para alterar regras constitucionais em nome de algo tão fluido e subjetivo como o “espírito” da Constituição.

    Se o país confiasse seu futuro a juízes que dizem querer fazer o Bem, extirpando o Mal a todo custo, não precisaríamos da Constituição.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Há precisamente 80 anos

Há precisamente 80 anos


A confusão é a nota predominante na presente situação nacional, delicada e incerta.

Os desvãos corruptos e sujos do projeto de poder lulo-petista estão hoje escancarados diante da Nação.

Cifras bilionárias foram desviadas do erário público, em sofisticados esquemas, com a colaboração de empresários inescrupulosos, que viram seus negócios florescerem numa relação espúria e umbilical com o poder político.

Em nome da “defesa dos pobres”, essas somas irrigaram, aqui e no exterior, os mecanismos de imposição e consolidação do chamado “socialismo do século XXI”, além de terem comprado consciências e subvencionado oportunistas de todos os calibres.

Cumplicidades e complacências
Mas o lulo-petismo contou para seus intentos malignos com a complacência e até a cumplicidade de boa parte do mundo político (inclusive com elementos destacados da chamada “oposição”); não foram apenas parlamentares comprados, mas partidos inteiros “adquiridos”; parte substantiva da imprensa deu seu contributo também ao projeto de poder lulista; inúmeros eclesiásticos (por vezes na surdina) o inspiraram e sustentaram; e a manipulação inescrupulosa da propaganda conquistou muitos desavisados.

As instituições, inclusive a Justiça em seus mais altos órgãos, foram vilipendiadas; foi prostituída a representatividade do regime dito democrático; e a legítima prosperidade econômica, prejudicada.

Abalo sísmico salutar
Um sobressalto salutar, de dimensões imprevistas, levou às ruas de todo o País, por mais de uma vez, milhões de brasileiros. Em manifestações multitudinárias e pacíficas, eles pediam seu País de volta e proclamavam que sua bandeira jamais seria vermelha.

Esse lento mas convicto despertar causou um abalo sísmico e derrubou parte considerável do edifício político-institucional, com destaque para o lulo-petismo, inclusive com o impeachment. Mas a derrocada prossegue.

Nessa derrocada todas as forças parecem querer amparar-se e preocupam-se apenas com o “salve-se quem puder”.

Qual o rumo das presentes encenações?
No momento em que os acontecimentos parecem encaminhar o País para uma eleição indireta para um mandato presidencial tampão – mais um fator complicador da crise – os conchavos são públicos e desavergonhados: forças opostas se conluiam; nos tribunais superiores a aplicação das leis é anunciada à medida do freguês (do réu); os cálculos políticos parecem só visar o livramento dos malfeitores; os que mataram a democracia representativa, como Lula, são chamados por gurus, como FHC, para “salvar” a política; os diversos nomes que circulam para um novo governo parecem ter como única credencial ser inimigos da Lava-Jato; e os “movimentos sociais”, gozando de estranha impunidade, alimentados por clérigos de esquerda, milícias sindicais e políticos inescrupulosos, parecem estar dispostos a “incendiar o País”.

Com estas encenações, para que novos rumos pretendem levar o Brasil os atores da tragicomédia oficial?

E os espectadores? Estes parecem estar com um profundo asco diante de tudo o que se passa e se trama. Desconfiados, eles procuram meios de reagir a tanta incoerência.

Ontem, hoje e sempre
Nos dias que correm, alguns jactam-se de ter antevisto uma situação complexa com uma ou duas semanas de antecedência; outros, com um dois meses; e alguns outros, com um ou dois anos.

E o que dizer de um artigo escrito, há precisamente 80 anos, que parece descrever na sua essência a crise presente? (*)

Quem é capaz de discernir as sinuosidades da alma humana, dissecar as entranhas do jogo político, perscrutar os bastidores do mundo dirigente, este sabe guiar-se na confusão, ontem, hoje e sempre

Convido-os, pois, a ler um artigo publicado por Plinio Corrêa de Oliveira, no jornal O Legionário, precisamente em 30 de Maio de 1937, sob o título A solução Mariana. Exceto por algumas pequenas referências circunstanciais da época, parece ele uma descrição dos dias que correm:

  • Não é nossa intenção tratar, neste artigo, da sucessão presidencial, estabelecendo um cotejo, sob o ponto de vista católico, entre os candidatos que se apresentam para disputar a suprema magistratura da República. Queremos tão somente, à margem dos acontecimentos e sem tomar posição neles, fazer um comentário que se relaciona com os mais altos interesses da vida política do Brasil.

    Há duas espécies de atitudes perante a política: a de ator e a de espectador. Atores são todos os que, direta ou indiretamente, cooperam na preparação dos acontecimentos políticos de que o Brasil está sendo teatro. Uns desempenham o papel de figuras centrais da tragédia - ou da comédia, se quiserem - representando os papéis mais importantes. Outros, são meros comparsas que passam rapidamente pelo palco, para desempenhar uma missão pequena e obscura. Finalmente outros nem aparecem no palco. São os inúmeros empregados que, nos bastidores, levantam o pano, acendem as luzes e cooperam para a manutenção da ordem nas coulisses. Na vida política, esta categoria de gente é representada pelos políticos de 3ª importância, que querem furiosamente algum emprego ou alguma pequena suserania municipal e que, sem aparecer no cenário da política, não deixam de ter certa influência, nos bastidores, sobre o curso da representação.

    Espectadores são os que não têm interesses pessoais relacionados com a política e que, portanto, não cooperam com a representação da tragicomédia. Assistem de longe e do alto. Não lhes preocupa, de maneira nenhuma, o formigar das rivalidades e o choque das vaidades nos bastidores. Só o que lhes desperta interesse é a representação correta da peça e a fiel interpretação dos papéis de cada ator.

    Não nos interessam, neste artigo, os primeiros. Estão com as vistas deslumbradas pela claridade do palco, e com a atenção monopolizada pelos acontecimentos da cena. São incapazes de vislumbrar o que sente o público distante que, na meia obscuridade, os contempla... e os julga.

    O que nos interessa sobremaneira são os espectadores. Porque eles, afinal de contas, são o Brasil. E os atores do palco não são em geral senão inofensivas marionetes que oscilam do centro para a direita ou para a esquerda, não ao sabor de convicções que lhes faltam, mas ao impulso dos dedos que os manejam, e vão desenvolvendo gradualmente um jogo que pode parecer moderno, mas que na realidade é muito velho.

    Que atitude vem tomando este público em matéria de sucessão presidencial? A dizer com franqueza, a primeira impressão que se nota, em todos os brasileiros imparciais, é de asco. Não asco pela pessoa dos candidatos, a quem não queremos negar qualidades. Mas de asco profundo pela instabilidade das atitudes políticas, pela incoerência flagrante e despudorada entre atitudes da maior parte de seus sequazes, hoje, ontem e anteontem. A bem dizer, serão pouquíssimas as correntes políticas que não se encontram, agora, em uma situação que condenariam formalmente há dois ou há três anos atrás. Se um profeta tivesse descrito de antemão as variações que sofreriam as alianças e as hostilidades que existiam, todo o mundo se teria rido dele, acoimando-o de louco. Porque absolutamente não pareceria possível a ninguém que os políticos brasileiros - sobre os quais já não havia, entretanto, grandes ilusões - dessem a seus ressentimentos e a suas simpatias a inconsistência, a mutabilidade, a futilidade de brigas de meninas de colégio; que fossem tão pequeninos na vaidade e tão imensos na ambição, tão corajosos na ganância e tão tímidos no cumprimento do dever.

    Esta nota dolorosa não é privativa de uma das correntes políticas. Encontra-se, pelo contrário, em quase todas. Porque a política brasileira é feita de incoerências.

    * * *

    Qual é o resultado de tudo isto? Não é difícil percebê-lo: agonizam nossas instituições, desprestigiam-se os princípios que até ontem eram convicção política unânime (boa ou má, não vem ao caso discuti-lo) dos brasileiros, e decaem irremediavelmente no conceito público quase todos os homens da geração passada, que o Brasil vinha, se não admirando, ao menos tolerando na administração do País.

    Como conseqüência deste formidável desgaste de homens, de instituições e de idéias, uma grande transformação se prepara. O Brasil aí está, como matéria amorfa, para ser plasmada pela corrente de homens que tenha maior sucesso na tarefa de conquistar o poder em nome de idéias novas.

    Significa isto, em outros termos, que o Brasil está no momento em que deverá tomar nova forma. Se esta forma obedecer à concepção da esquerda, o Brasil será não mais o Reino de Nossa Senhora Aparecida, mas uma China ou um México qualquer. Se a forma for plasmada por mãos direitinhas, erguer-se-á ante nós o receio do estado totalitário, com o qual a Igreja é incompatível.

    Pobre Brasil! Navegando por um mar revolto, parece que está fadado a naufragar de encontro a um destes dois escolhos extremistas: Berlim ou Moscou. Isto, se não se quiser submergir inteiramente no lodaçal do liberalismo.

    Muita gente dirá: entre dois escolhos, convém optar pelo menos mau.

    Mas nós perguntamos: não será a mocidade mariana o braço forte com que Nossa Senhora dotou seu Reino na hora do perigo, para derrubar um e outro escolho, e realizar no Brasil uma política tendo por ideal o Catolicismo, como norma de agir o Catolicismo, e como solução para todos os problemas o Catolicismo? (O Legionário, n.º 246)
(*) Artigo escrito durante a campanha para as eleições presidenciais de 1937. No dia 10 de novembro desse ano Getúlio Vargas anula as eleições, derroga a Constituição de 1934, impõe a "polaca" e proclama a ditadura presidencialista do Estado Novo.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Com o STF "os dias são assim"

Com o STF “os dias são assim”


Os acontecimentos precipitam-se no cenário político-institucional brasileiro.

E nesse quadro o Supremo Tribunal Federal é, a cada dia mais, um protagonista desastroso, a fazer crescer a instabilidade da vida pública; um tribunal politizado, desgarrado no choque de opiniões e posturas arbitrárias, ainda que envoltas em empolados votos, de um saber jurídico retorcido e de conveniência.

João Cláudio Genu, José Carlos Bumlai, Eike Batista, José Dirceu, todos eles próximos ao ex-presidente Lula e peças-chave da imensa ORCRIM que, sob a batuta do lulo-petismo, sequestrou o Estado para um projeto de poder autoritário e de esquerda, vão sendo soltos pelo Tribunal supremo do País. Como é voz corrente, a intenção – especialmente de uma trinca de Ministros – é matar a Lava Jato.

Um cadáver difícil de desaparecer
Fernando Gabeira alertava há dias, no jornal O Estado de S. Paulo (05.05.2017), que começa uma fase difícil para a Lava Jato e aqueles que a apoiam, já que “lutar contra uma força instalada no coração do Supremo não é algo comum”. Mas advertia: “O maior escândalo de corrupção foi posto a nu. O corpo é muito grande para três juízes se livrarem dele” (“A suprema emboscada”).

Segundo relatos jornalísticos, a indignação popular explodiu nos telefones e emails do Supremo, sobretudo após a libertação do número dois na cadeia de comando da ORCRIM lulo-petista, José Dirceu. A Presidente do STF Carmen Lúcia teria ficado assustada com o grau de combustibilidade da sociedade e com o aviltamento do Tribunal.

Ministro suspenso e suspeito?
O Ministro Gilmar Mendes, cuja maior preocupação nos últimos tempos parece ser investir contra a Lava Jato e ser complacente com grandes criminosos, ao proferir o voto decisivo para a libertação de José Dirceu, proclamou: “Somos o Supremo!” A frase parece remeter para um Olimpo de “juristocratas”, acima de qualquer preceito ou entendimento legal. Talvez por isso o Ministro ainda atalhou que o Supremo saía engrandecido da decisão e que era preciso dar uma lição ao Brasil.

O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, solicitou o impedimento de Gilmar Mendes como relator do Habeas Corpus de Eike Batista, a anulação do despacho do Ministro e a declaração de suspeição do mesmo. O que, é evidente, agrava mais ainda a crise institucional.

Roubar "sem perder a ternura"
Guilherme Fiúza, escreveu em O Globo (06.05.2017) um artigo a respeito da questionável atuação do Supremo, intitulado “Nasce o fascismo do bem”. O articulista frisa que “a libertação triunfal de José Dirceu sucede à não menos apoteótica de José Carlos Bumlai, o laranja da revolução”. Com os “supremos companheiros” os “dias são assim”.

Convido-os a ler alguns trechos do referido artigo:

  • José Dirceu, guerreiro do povo brasileiro, está solto. O Supremo Tribunal Federal sabe o que faz. Conforme demonstrado na Lava-Jato — essa operação invejosa da elite branca — do banco dos réus do mensalão Dirceu continuava operando o petrolão. E o maior assalto governamental da história prosseguiu, com formidável desinibição, enquanto o PT ocupava o Planalto. Dilma trocava e-mails secretos com José Eduardo Cardozo para sabotar a Lava-Jato, e seguia o baile. Dilma e Cardozo também estão soltos.

    O bando precisa da liberdade para administrar o caixa monumental que fez com o suor do seu rosto, caro leitor. E o STF é sensível a essa causa. Se todos os líderes progressistas e humanitários estiverem presos, quem vai tocar o negócio mais bem-sucedido do século? O Supremo, no fundo, está protegendo a economia. E você está orgulhoso por patrocinar essa esquadra de advogados milionários que defendem os heróis perseguidos por Sergio Moro. Palocci já avisou que quer uma fatia da pizza de Dirceu.

    O STF tem cumprido seu papel com bravura. Desde os famosos embargos infringentes e refrescantes para os mensaleiros, a corte tem sido impecável. Triangulando com Cardozo e Janot, fez um belíssimo trabalho de cartas embaralhadas e pistas falsas — mantendo o quanto pôde Dilma e Lula fora do alcance da Lava-Jato. Claro que quando Delcídio foi gravado dizendo que ia combinar o “cala a boca, Cerveró” com os supremos juízes, eles deram seu brado cívico — “não passarão!” etc — e prenderam o senador.

    No que ficaram bem na foto (que é o que importa), meteram a mão grande no rito do impeachment na Câmara.

    Os supremos companheiros só não salvaram o governo delinquente de Dilma Rousseff da degola porque a Lava-Jato cismou de trabalhar dobrado entre o Natal e o carnaval. Quando cessaram os tamborins em março de 2016, as delações já tinham provado que não havia uma quadrilha no governo do PT: o governo do PT era uma quadrilha.

    Eduardo Cunha tirou o petrolão do pedido de impeachment, mas não teve jeito — uma fração das fraudes fiscais da quadrilha foi suficiente para configurar o crime. E as obras completas já estavam sendo esfregadas na cara do Brasil, escancarando a receita da maior recessão da História. Mas o STF é bravo, e ainda conseguiu um salto ornamental (especialidade da casa) para manter os direitos políticos da presidente criminosa. Contando, ninguém acredita.

    A libertação triunfal de José Dirceu sucede à não menos apoteótica de José Carlos Bumlai, o laranja da revolução. A série “Os dias eram assim” é linda, e os heróis da TV são esses mesmos que estão no noticiário hoje — com a sutil transição das páginas políticas para as policiais. Talvez na continuação de “Os dias são assim” se possa mostrar que os revolucionários do povo chegaram ao poder 30 anos depois e roubaram o povo, sem perder a ternura.
Foto: Nelson Jr./STF

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Trinca do STF dá golpe na Lava Jato

Trinca do STF dá golpe na Lava Jato


O País ficou em choque com a decisão da 2ª turma do Supremo Tribunal Federal de soltar José Dirceu, com os votos dos Ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandovski e Gilmar Mendes. Precisamente Dirceu, já condenado por diversas vezes, o segundo homem na cadeia de comando da Organização criminosa que, a partir do PT, tomou conta do Estado e alimentou com seu esquema corrupto um projeto de poder, de viés autoritário, que fraudou a chamada Democracia.

Impunidade mantida por vassalos ilustrados
"Ainda somos o país da impunidade. Da impunidade altaneira, orgulhosa, incensada, cortejada e mantida por vassalos ilustrados", afirmou o Procurador do Ministério Público de Contas, Júlio Marcelo Oliveira, testemunha chave no processo de impeachment de Dilma Rousseff. Um comentário certeiro à decisão da trinca da 2ª turma do STF (Ministros Toffoli, Lewandovski e Gilmar Mendes) de libertarem José Dirceu.

A controversa decisão do Supremo valeu também as seguintes palavras do General da reserva, Augusto Heleno, em nota pública: "Vossas Exas votam calcados em saber jurídico? Não parece. Para a imensa maioria, fingem fazê-lo. Em votos prolixos e tardios, dão vazão a imensuráveis vaidades, a desavenças pessoais e a discutíveis convicções ideológicas".

Voto repulsivo
O jornalista Diego Casagrande escreveu em seu Twitter que o discurso de Gilmar Mendes, em que defendeu a libertação José Dirceu, “foi das coisas mais repulsivas” já ouvidas.

O Ministro vilipendiou a verdade, investiu gratuitamente contra juízes e promotores da Lava Jato e defendeu a efetividade do julgamento do Mensalão, “sem prisões preventivas”, em aberrante dissonância com a realidade, uma vez que o réu José Dirceu continuou a delinquir, enquanto era julgado no Supremo.

Foi o que bem ressaltou o decano do Tribunal, Ministro Celso Melo, em seu voto, fazendo côro ao relator Edson Fachin: “O mais perturbador em relação a José Dirceu de Oliveira e Silva consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal a ação penal 470, o mensalão, havendo registro de recebimentos pelo menos até 13 de novembro de 2013. Nem o julgamento condenatório pela mais alta Corte do país representou fator inibitório da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito. A necessidade da prisão cautelar decorre ainda do fato de José Dirceu de Oliveira e Silva ser recorrente em escândalos criminais”.

Gilmar Mendes teve ainda a ousadia de afirmar em seu voto, em acinte à sociedade, que a libertação de Dirceu agigantou o Supremo e ofereceu uma lição ao Brasil. Certamente a lição de que o Supremo passou a ser fonte de instabilidade jurídica e proteção da imensa rede criminosa que tomou conta do Estado, em todas as suas instituições. Foi por esse motivo que o site O Antagonista resumiu bem: “Gilmar Mendes declarou guerra à Lava Jato. Simples assim”.

Decisão sob medida
A decisão da 2ª turma do STF foi costurada sob medida para José Dirceu. Deltan Dallagnol, o procurador do Ministério Público Federal, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, reuniu diversas decisões da 2ª turma do STF em que a mesma maioria votou “para manter presas pessoas em situação de menor gravidade, nos últimos seis meses”, mostrando assim a incoerência da decisão.

O jornalista Josias de Sousa, em seu blog, relembra ainda que Dias Toffoli deveria estar impedido de votar no caso: “Indicado para o Supremo por Lula, o ministro foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil na época em que a pasta era comandada por Dirceu. Entretanto, guiando-se por autocritérios, Toffoli não se considera impedido de participar de julgamentos envolvendo o ex-chefe” (“Há no país 221 mil sub-Dirceus, presos provisórios esquecidos em calabouços” 03.05.2017).

Conseqüências devastadoras
Diego Escosteguy, editor-chefe da revista Época, escreveu excelente análise a respeito da decisão do Supremo, na qual vê a investida contra a Lava Jato como o preâmbulo de novos movimentos imprevisíveis. Virão denúncias contra Ministros de Tribunais Superiores?

Convido-os a ler trechos do artigo, intitulado “A trinca do STF desfere um golpe duríssimo na Lava Jato” (02.05.2017):

  • "É um golpe fortíssimo – fortíssimo – contra a Lava Jato a esperada decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal de soltar José Dirceu, o segundo homem na cadeia de comando da organização criminosa que estabeleceu, durante uma década no poder, o maior esquema de corrupção já comprovado no mundo. Hoje foi Dirceu. Na semana passada, fora, além do amigo de Lula e lobista José Carlos Bumlai, o operador do PP João Cláudio Genu – outro que, como o petista, recebia propinas do petrolão enquanto era julgado no próprio Supremo por sua participação no mensalão. Amanhã, quem será? Afinal, se um réu que, comprovadamente, delinquia enquanto era julgado no Supremo e prosseguiu delinquindo após ser condenado pelo maior tribunal da República pode ser solto pela mesma Suprema Corte, quem não pode?

    Dirceu, como Genu e outros integrantes da organização criminosa do petrolão e do mensalão, só parou de delinquir ao ser preso. É para casos como esses, entre outros, que existe o instituto da prisão preventiva, aplicado em situações extremamente graves e pontuais. Ou existia, ao menos em relação aos crimes de colarinho-branco, normalmente cometidos por poderosos: as decisões recentes da Segunda Turma do Supremo começam a reverter um entendimento jurídico construído no decorrer dos últimos três anos, nos Tribunais Superiores, inclusive no próprio Supremo, em função do complexo esquema desvendado pela Lava Jato.

    Há uma fila de gente importante em Curitiba – de Eduardo Cunha a Antonio Palocci, passando por João Vaccari – que vai pegar senha no guichê da nova Segunda Turma do Supremo, aquela que cuida dos casos da Lava Jato. Com a entrada do ministro Ricardo Lewandowski na Turma, formou-se uma forte trinca que passou a julgar usualmente contra a Lava Jato – Dias Toffoli e Gilmar Mendes a completam. O relator da Lava Jato, ministro Edson Fachin, e o decano do Supremo, ministro Celso de Mello, estão definitivamente em minoria.

    As consequências para a Lava Jato, e para o combate à impunidade no Brasil, podem ser devastadoras. Podem ser soltos, pelo STF, quase todos os agentes da organização criminosa que criou um esquema de macrocorrupção sem precedentes no Brasil. Podem ser soltos políticos corruptos – do PT, do PP, do PMDB. Podem ser soltos empresários poderosos. Podem ser soltos doleiros, laranjas e operadores. Pode ser solta boa parte daqueles que ocupavam cargos de comando na organização criminosa.

    Em conversas reservadas, os homens de frente da Lava Jato admitem abatimento e frustração. Já esperavam a decisão desta terça-feira (2). Mas temem pelo futuro da operação – preocupação que se estende das investigações em curso aos processos já em andamento. Palocci, por exemplo, avisou aos procuradores que cogita desistir da delação. Espera ser solto. (A delação de Palocci é a mais temida por petistas, banqueiros, deputados e outros grandes empresários.) A negociação da colaboração dele andou duas ou três casas para trás. Pode ser fechada com ele fora da cadeia.

    Mas as decisões da trinca do Supremo criaram, na prática, um ambiente de insegurança jurídica, que abala a Lava Jato. A prisão preventiva é um instrumento essencial – e perfeitamente legal – nas investigações de crimes complexos, em qualquer lugar do mundo.
    Se essa arma for inutilizada, os investigadores terão sérios limites para apurar devidamente os casos de corrupção – e interrompê-los, quando possível. Os procuradores e delegados, em Brasília, Curitiba e Rio de Janeiro, torcem para que a trinca do Supremo não esvazie ainda mais a operação.

    Caso o Supremo siga soltando os principais homens do petrolão, a colisão entre Lava Jato e ministros será inevitável. Terá consequências imprevisíveis e potencialmente graves. Até agora, os investigadores julgavam não ser inteligente estrategicamente apurar casos de corrupção nos Tribunais Superiores. Houve delatores que ofereceram evidências de crimes no Judiciário brasiliense. Mas a Lava Jato optou por aguardar o desenrolar dos processos; tiros contra os Tribunais Superiores poderiam inviabilizar o próprio andamento das investigações. Se o Supremo vier a se tornar um obstáculo para as investigações, algo que já é admitido reservadamente por alguns dos responsáveis pela operação, será difícil, para os líderes, segurar o ímpeto de alguns investigadores. A proposta de delação da OAS, por exemplo, prevê casos de corrupção envolvendo ministros de Tribunais Superiores. Outras delações fortíssimas estão em negociação. (...)

    A colisão entre Lava Jato e a trinca do Supremo começa hoje. Mas não terminará tão cedo – não com o que vem por aí ainda neste ano.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Tradição viva que reflete a dor da Paixão

Tradição viva que reflete a dor da Paixão


Pode-se afirmar, sem exagero, que um dos slogans de nossos dias, repetido à saciedade, é que o “hábito não faz o monge”.

Repetido com “autoridade” por aqueles mesmos que se vergam facilmente à ditadura da moda, tal slogan contém em si uma distorção. É claro que o homem não se torna monge pelo simples uso do hábito. Mas os costumes sociais sempre consagraram certos trajes como característicos de profissões, estados de vida, ou expressões de alma e o seu uso, além de uma expressão externa do espírito, ajuda o homem a viver coerente e perfeitamente aquilo a que se propõe.


Tradição que assinala a Paixão de Cristo
Mulheres revestidas de longas mantilhas negras revivem nesta Quinta-feira Santa, em Sevilha, uma tradição que assinala a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e que antecipa a grande jornada da Semana Santa na cidade, conhecida como “la Madrugá”, quando saem às ruas em procissão as confrarias das dezenas e dezenas de Irmandades.

A mantilha, cuja origem é imprecisa, é uma veste tipicamente espanhola, que se generalizou no século XIX e que se usa em sinal de luto e em comemoração pela Paixão e Morte de Cristo.


Manter e conservar a tradição
As mulheres vestem-se com vestidos e meias negras, mantilhas, peinetas e luvas da mesma côr e portam rosários nas mãos. Os homens, por seu turno, vestem-se com ternos e gravatas escuras; percorrem junto as igrejas nas quais se encontram os “monumentos” e as imagens das treze confrarias que sairão em procissão entre a Quinta e a Sexta-feira Santas.

É o modo piedoso de recordar que a Paixão de Cristo, após a Última Ceia, antes de ser preso e julgado perante Caifás como consequência da traição de Judas. A tradição da mantilha é preciso mantê-la e conservá-la, diz uma jovem andaluza de 23 anos, que anseia pelo momento de envergá-la e participar das solenidades com sua família.


Contrastes
O jornal ABC de Madrid destaca que, nas ruas centrais de Sevilha, é nestes dias da Semana Santa que aumenta o contraste entre as gentes da terra e os forasteiros. Os primeiros, enlutados, com suas melhores galas, enquanto os segundos envergam bermudas, camisetas e chinelos, observando atónitos a solenidade das mantilhas negras das mulheres. O “hábito não faz o monge”, mas ajuda-o a viver e portar-se segundo suas convicções e princípios.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Ruptura da ordem constitucional na Venezuela

Ruptura da ordem constitucional na Venezuela


1. Lilian Tintori, esposa do oposicionista venezuelano e preso político, Leopoldo López, denunciou nesta quinta-feira, dia 30 de Março, no Twitter e no Facebook que Nicolás Maduro eliminou o Poder Legislativo no país vizinho: "É um golpe de Estado que a ditadura está dando através do Tribunal Supremo de Justiça (Sala Constitucional), porque está anulando a força da Assembleia Nacional e a vontade de todos os venezuelanos que votamos. A nossa Assembleia Nacional, eleita por 14 milhões de venezuelanos, decidiu desconhecer a ditadura e declarar-se em rebelião".

2. Para entender o ocorrido, vale a pena percorrer a notícia no site da revista Veja (30.3.2017). Na noite da última quarta-feira o TSJ autorizou o Presidente Maduro a criar uma joint venture do setor petrolífero sem autorização do Parlamento. A decisão oficializou a invasão das prerrogativas do Legislativo pelo Judiciário, controlado por Maduro.

3. Alegando uma imaginária situação da "desacato" e de "invalidade" de decisões do Congresso, a “Sala Constitucional garantirá que as competências parlamentares sejam exercidas por esta Sala ou pelo órgão que ela determinar”. Ou seja, na prática está eliminado o Congresso e reforçada a ditadura socialista de Maduro.

4. Em comunicado, a oposição venezuelana afirmou que “essa decisão inconstitucional, que nós rejeitamos, é outro passo no desmantelamento da democracia da Venezuela”.

5. A oposição venezuelana conclamou a população para as ruas e pediu que os militares rompam o silêncio sobre as violações dos direitos no país.

6. É bom prestar atenção... por aqui o STF se sente cada vez mais no direito de invadir as prerrogativas do Congresso, como nestes dias no caso do aborto. Caminharemos, aos poucos, para uma fórmula venezuelana de uma ditadura de 11 togados?

7. O governo do Peru, através da sua Chancelaria, comunicou que, devido ao rompimento da ordem constitucional e democrática na Venezuela, "o Governo do Peru decidiu retirar de maneira definitiva o seu Embaixador na República Bolivariana da Venezuela".

8. Pergunta ao Itamaraty: qual será a postura da diplomacia brasileira diante de mais esse grave passo da ditadura chavista na Venezuela? Esta semana havia notícias de uma tendência a contemporizar com o ditador Maduro...

9. A ruptura institucional e o reforço da ditadura foi o resultado prático do "diálogo" promovido pelo Papa Francisco na Venezuela, após abençoar o ditador Maduro no Vaticano. Não faltou quem, dentro e fora da Venezuela, advertisse para o perigo de um "diálogo" que só reforçaria a posição de Nicolás Maduro. O tempo acabou encarregou-se de o confirmar...

(foto Reuters: O presidente da Assembleia Nacional, deputado Júlio Borges, rasga a cópia da sentença proferida pela Suprema Corte da Venezuela)

terça-feira, 28 de março de 2017

STF, que solta criminosos, a caminho de legalizar matança de inocentes!

STF, que solta criminosos, a caminho de legalizar matança de inocentes!


1. Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu cinco dias de prazo para que o presidente da República, Michel Temer, o Senado e Câmara se manifestem sobre a legalização do aborto até à 12ª semana de gestação.

2. A ministra deve decidir sobre o pedido de liminar feito pelo PSOL e pelo Instituto Anis – ONG defensora da legalização do aborto – para que sejam suspensos todos os procedimentos legais de práticas abortivas nas 12 primeiras semanas de gestação.

3. Do ponto de vista legal, mais uma aberração gritante. O STF sequestra as prerrogativas legislativas do Congresso e pede "parecer" ao Executivo e ao Legislativo para depois criar uma prática "legal" contrária ao ordenamento jurídico do País, inclusive dos direitos consagrados na Constituição.

4. A decisão é tomada a pedido de uma minoria barulhenta de esquerda (sem representatividade eleitoral), mas que, dessa forma, se impõe ao sentir da maioria da população e do Congresso.

5. A isso se chama "democracia"!

6. As vítimas deste ativismo judicial, combinado em tabelinha com a esquerda minoritária: inocentes assassinados "legalmente" no ventre materno.

7. Quem ainda não entendeu que o STF se tornou um câncer do Estado de Direito e um fulminador de normas morais da sociedade?

(com informações do site www.semprefamilia.com.br)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Um imprevisível desfecho para o Estado brasileiro

Um imprevisível desfecho para o Estado brasileiro


Nesta 3ª feira, 29 de novembro, a primeira turma do STF, capitaneada pelo Ministro-ativista, Luís Roberto Barroso, de costas voltadas para o País, atropelando as prerrogativas do Legislativo, espezinhando a Constituição, o Código Penal, o Direito Natural e a Moral, em decisão aberrante abriu as portas para a matança de inocentes até aos três meses.

*  *  *


Nesta 3ª feira, 29 de novembro, ainda sob o trauma do acidente aéreo com a equipe de futebol da Chapecoense, boa parte da Câmara dos Deputados, após as falsas promessas feitas na coletiva de Domingo pelo presidente Michel Temer, por Renan Calheiros e por Rodrigo Maia, aprovou na calada da noite as tramóias, já apelidadas de AI-5 da corrupção, que visam proteger os destroços da máquina lulo-petista, seu comandante e a banda podre do mundo político que se prostitui nesse esquema de poder.

*  *  *



Nesta 3ª feira, 29 de novembro, as tropas de choque do lulo-petismo (UNE, MST, etc.), travestidos de “estudantes”, em ações premeditadas e sob o anonimato das máscaras, espalharam o terror em Brasília, invadindo e depredando prédios públicos, jogando coquetéis Molotov na polícia, virando e queimando automóveis, com o apoio explícito de deputados e senadores da esquerda.

*  *  *
Previsão e advertência
Ao analisar este cenário caótico, lembrei-me de uma previsão e de uma advertência, feita há três décadas.

Como uma antevisão invejável, Plinio Corrêa de Oliveira, em seu livro "Projeto de Constituição angustia o País", apontava os descaminhos de esquerdização para os quais nos conduzia o Brasil de superfície, o Brasil legal, o Brasil de boa parte do mundo político, do mundo acadêmico, do mundo jornalístico, do mundo eclesiástico; e o profundo desacerto que se gestava deste Brasil de superfície com o Brasil profundo, o Brasil real, majoritário, em ascensão, fiel a si próprio e em legítima continuidade com seu passado.

Os eventos desta 3ª feira, 29 de novembro, com tudo o que anunciam, evocam esta análise que passo a transcrever:

  • Convém insistir em que o divórcio entre o País legal e o País real será inevitável. Criar-se-á então uma daquelas situações históricas dramáticas, nas quais a massa da Nação sai de dentro do Estado, e o Estado vive (se é que para ele isto é viver) vazio de conteúdo autenticamente nacional.

    Em outros termos, quando as leis fundamentais que modelam as estruturas e regem a vida de um Estado e de uma sociedade, deixam de ter uma sincronia profunda e vital com os ideais, os anelos e os modos de ser da nação, tudo caminha nesta para o imprevisto. Até para a violência, em circunstâncias inopinadas e catastróficas, sempre possíveis em situações de desacordo, de paixão e de confusão.

    Para onde caminha assim a nação? Para o imprevisível. Por vezes, para soluções sábias e orgânicas que seus dirigentes não souberam encontrar. Por vezes, para a improvisação, a aventura, quiçá o caos. (...)

    É de encontro a todas essas incertezas e riscos que estará exposto a naufragar o Estado brasileiro, desde que a Nação se constitua mansamente, jeitosamente, irremediavelmente à margem de um edifício legal no qual o povo não reconheça qualquer identidade consigo mesmo.

    Que será então do Estado? Como um barco fendido, ele se deixará penetrar pelas águas e se fragmentará em destroços. O que possa acontecer com estes é imprevisível

    (Projeto de Constituição angustia o País, 1987, p. 201).

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Dom Pedro II era a luz do baile

Dom Pedro II era a luz do baile


A experiência republicana, no Brasil, tem sido um fracasso evidente. Uma análise deste 127 anos de história republicana revelam uma instabilidade crônica das instituições, uma sucessão de sobressaltos político-sociais e o surgimento, de tempos em tempos, de "salvadores da pátria" que, em pouco tempo, se tornam decepções dolorosas.

Vivemos hoje momentos especialmente críticos dessa experiência. Próceres republicanos reconhecem que todo o sistema político está em xeque, enquanto uma operação sem precedentes - a Lava Jato - vai revelando ao País como, a partir da própria Presidência da República, se atuou para subverter a ordem legal do País, com um assalto generalizado ao Estado, ao seu (nosso) patrimônio e às instituições do Estado de Direito.

Mas, como traduzir, em poucas palavras, a diferença entre o ambiente social, político e institucional que imperava no regime monárquico e o que passou a vigorar na república? Monteiro Lobato o fez de modo didático, num texto que passo a transcrever:

  • D. Pedro II agia pela presença.

    O fato de existir no ápice da sociedade um símbolo vivo e ativo da honestidade, do equilíbrio, da moderação, da honra e do dever, bastava para inocular no País em formação o vírus das melhores virtudes cívicas.

    O juiz era honesto, se não por injunções da própria consciência, pela presença da honestidade no trono. O político visava o bem comum, se não pelo determinismo de virtudes pessoais, pela influência catalítica da virtude imperial. As minorias respiravam, a oposição possibilitava-se: o chefe permanente das oposições estava no trono. A justiça era um fato: havia no trono um juiz supremo e incorruptível. O peculatário, o defraudador, o político negocista, o juiz venal, o soldado covarde, o funcionário relapso – o mau cidadão, enfim – muitas vezes passava a vida inteira sem incidir num só deslize. A natureza o propelia ao crime, ao abuso, à extorsão, à violência, à iniquidade, mas sofreava as rédeas aos maus instintos a simples presença da eqüidade e da justiça no trono.

    Foi preciso que viesse a República, e que se alijasse do trono a força catalítica, para patentear-se bem claro o curioso fenômeno. O mesmo juiz, o mesmo político, o mesmo soldado, o mesmo funcionário, até 15 de novembro honesto, bem intencionado e bravo e cumpridor dos deveres, percebendo ordem de soltura na ausência do imperial freio, desenfrearam a alcatéia dos maus instintos mantidos de quarentena.
    Daí o contraste, dia a dia mais frisante, entre a vida nacional sob Pedro II e a vida nacional sob quaisquer das boas intenções quadrienais que se revezam na curul republicana.

    Pedro II era a luz do baile: muita harmonia, respeito às damas, polidez de maneiras, jóias de arte sobre os consolos, dando o conjunto uma impressão genérica de apuradíssima cultura social.

    Extinguiu-se a luz: as senhoras sentem-se logo apalpadas, trocam-se tabefes, ouvem-se palavreados de botequim, desaparecem as jóias.
    (Monteiro Lobato, D. Pedro II, Revista Brasil, RJ, nº 36, dezembro de 1918)

terça-feira, 8 de novembro de 2016

É por eles que os sinos dobram...

É por eles que os sinos dobram...

A civilização moderna, voltada para o culto ao corpo, carregada de superstições da saúde perfeita, inebriada pela superficialidade despreocupada, não gosta de refletir sobre o sofrimento e a morte.

A Igreja, Mãe sábia e mestra da Verdade, pelo contrário, dedica um dos dias do ano à recordação daqueles que já partiram. Ela nos convida a rezar pelos que adormeceram na paz do Senhor; e nos ensina a encarar a morte com serenidade, com grandeza, mesmo no que ela tem de aflitivo e catastrófico.

A Revolução, toda voltada para a construção da Cidade do Homem, de que falava Santo Agostinho, não gosta daquilo que recorde ao homem seu destino eterno. Por isso, aos poucos, vai abolindo os cerimoniais e os símbolos do luto, como se abolindo, por exemplo, os tecidos escuros, conseguisse afastar dos homens o sofrimento e a morte. Até mesmo entre os católicos, de tendências progressistas, há um anseio de tudo tornar festivo e fazer esquecer, na liturgia, aquilo que recorde o luto.

Neste Dia de Finados, Francisco José Viegas, no seu blog do jornal português Correio da Manhã, escreveu uma reflexão, breve e contundente, que tenho o gosto de compartilhar aqui:
  • "Num mundo que glorifica o corpo e o seu culto narcísico (e a sua paranoia alimentar), que despreza os velhos e endeusa a juventude, a ideia de visitar os mortos – os nossos mortos – é absurda. Mas não devia.

    Os sinos dobram por eles e por nós. O Dia de Finados pertence à categoria das velharias que a civilização da frivolidade dispensa como um incómodo; para os neurónios (por assim dizer) dos especialistas em "autoajuda" e "bem-estar" devemos ignorar a morte e declarar os mortos como coisa inexistente.

    A verdade é que a morte (que nos levou os mais próximos, que nos desafia permanentemente) é essa fronteira que coloca a nossa pobre existência diante do desconhecido; é um tabu que pretendemos ignorar em vão, tal como a experiência religiosa ou o contacto com a melancolia e o silêncio.

    Uma civilização arrapazada e fedelha que não relembra os mortos talvez não mereça um futuro promissor. Este dia merece uma paragem: para que contemplemos o invisível e relembremos os que partiram e viveram connosco. É por eles que os sinos dobram. Um dia será por nós".

domingo, 24 de julho de 2016

Honório, Roma e a galinha

Honório, Roma e a galinha


São inúmeros aqueles que procuram entender ou explicar os acontecimentos apenas com base nas articulações ou tramas políticas, nas vantagens ou interesses econômicos, nos avanços ou conquistas tecnológicas. Pouca atenção prestam ao caminhar dos espíritos, à transformação das mentalidades, à influência das ideias, à alteração dos hábitos, costumes sociais, leis e instituições.

Farândola enlouquecida
O Ocidente sofre há muito a erosão sistemática dos valores cristãos que estão na base da maior e mais esplendorosa civilização que o mundo tenha conhecido.

Seduzidos pelo imediatismo e pelas coruscações materialistas e prazenteiras da “modernidade”, os homens foram renunciando às grandes perspectivas históricas, aos valores transcendentes e perenes, ao esforço ascensional da cultura, ao senso do dever e ao espírito de sacrifício, seja a nível pessoal, seja a nível social.

No presente, o Ocidente cristão (ou quase ex-cristão) sofre os embates de forças políticas, econômicas, científicas, filosóficas, ideológicas, religiosas, etc. que o empurram para uma desestabilização profunda. Ameaças diversas parecem fazer em torno de nós a dança de uma farândola enlouquecida.

Nice e Turquia
Nos últimos dias, em Nice, no sul da França, um tunisiano muçulmano atropelou indiscriminadamente, com seu caminhão, vítimas indefesas, num atentado reivindicado pelo Estado Islâmico; e na Turquia eventos pouco claros protagonizados por uma ala militar, propiciaram ao Presidente Erdogan consolidar, com mão de ferro, um regime autoritário islâmico e promover uma maciça “caça às bruxas” em vastos setores da sociedade e em importantes instituições do Estado, tornando a potência militar da NATO uma grave incógnita no tabuleiro internacional.

As reações desencontradas e frouxas das autoridades e das populações ocidentais, sobretudo europeias, deixam entrever uma civilização debilitada face aos perigos e pronta à compreensão – ou até à subserviência – face aos inimigos.

A perene lição de Roma
“A História é mestra da vida”, sentenciava o grande Cícero. Não parece supérfluo voltarmo-nos para a Roma Imperial, no momento de sua decadência, para tentar entender o que presenciamos nestes dias. Talvez para alguns este exercício pareça enfadonho e, numa fuga para a frente, prefiram sair por aí à caça de Pokémons, a mais recente febre da “modernidade” fútil e vazia. Talvez até nisso Roma não deixará de ser uma lição...

Convido-os, pois, a ler um artigo de Helena Matos, publicado no Observador (17.07.2016), intitulado “Uma Europa chamada Roma”:

  • "Horas antes do golpe na Turquia tivera lugar em França mais um atentado e mais uma vez o Presidente francês dissera que a França era forte. E os jornais escreviam que “um caminhão matou”, como se o caminhão se tivesse posto em marcha sózinho.

    Face ao atentado de Nice repetia-se que havia que compreender os motivos do homem que praticara tal acto sendo que neste contexto o verbo compreender não é sinónimo de adquirir conhecimento para melhor agir sobre o agressor mas sim para aceitar com maior resignação o papel de vítima.

    Como sempre o facebook encheu-se de vídeos virais em que os likes fazem as vezes das convicções e o máximo da decisão passa por pintar a Torre Eiffel com as cores da bandeira francesa. Desta vez já nem houve muitas velas nas ruas, talvez para não atrapalhar as corridas atrás dos Pokémons.

    De repente, o drama desta Europa, uma Europa que foi capaz de garantir ao maior número de cidadãos um conjunto mais alargado de direitos mas que se condenou a si mesma à decadência, parece-me decalcado desse outro drama vivido por outra civilização extraordinária – o império romano. Um drama que simbolicamente terminou numa noite de Agosto de 410 dC, em Ravena. Nessa noite um mensageiro (há sempre uma mensagem e um mensageiro, o tempo apenas muda a natureza do mensageiro) entrou a correr no palácio de Ravena onde o imperador Honório estava retirado para escapar ao cerco que o rei visigodo Alarico montara em torno de Roma. A notícia é tão grave que os presentes resolvem acordar Honório: Roma caíra às mãos do invasor [quadro].

    Perante a notícia, o imperador Honório declara consternado “Ainda há pouco comeu da minha mão”. O desalento desconcertante da resposta do imperador leva um dos presentes a esclarecer Honório: Roma, a sua galinha preferida, estava bem. Fora sim a capital do seu império e não a sua preferida que caíra perante o invasor. Honório terá suspirado de alívio pois por momentos pensara que fosse a sua galinha e não a cidade a soçobrar.

    Há oito séculos que Roma era inviolável. Mas nesse Agosto de 410 dC, o rei visigodo Alarico atravessara a Porta Salaria e entrara em Roma à frente dos seus homens. O saque começou. A própria irmã do imperador, Gala Placidia, estava cativa de Alarico, um chefe militar que soube tirar partido das fraquezas do outrora grande império.

    Valha a verdade que o saque de Alarico foi apenas o primeiro – e nem sequer o pior – dos vários que reduzirão a orgulhosa Roma a um símbolo da decadência. A dado momento os romanos antecipar-se-ão até aos invasores e antes que estes montem mais um cerco abrem-lhes as portas da cidade para que no momento do inevitável saque se mostrassem mais misericordiosos (não mostraram).

    A história da reacção de Honório ao saber do saque de Roma foi muito provavelmente romanceada mas tem servido para ilustrar o que bondosamente designamos como decadência do império romano. Perante essa fabulosa civilização que se condenou a si mesma à derrota poucas coisas ilustrarão melhor o comportamento das elites romanas do que esse imperador a chorar a sua galinha e não a sua cidade.

    Neste século XXI, Honório, a sua cidade e a sua galinha andam por aí. Simplesmente Roma agora chama-se Europa. E os europeus, tal como o imperador Honório, desdenham dos aliados, não resolvem o essencial, assistem abúlicos aos ataques de que são alvo e perante a catástrofe fazem de conta que não a vêem. Ou apenas vêem a morte da sua galinha – com quantas causas fúteis se entretêm semanalmente os parlamentos da Europa? – e não a queda da sua cidade.

    Enquanto escrevo os presos na Turquia contam-se aos milhares e a purga na justiça e entre os militares é profunda. Nas televisões europeias confunde-se apoio e bandeirinhas nas redes sociais com legitimidade. Erdogan entretanto avisa que quem estiver com os rebeldes, está “em guerra com a Turquia”, sendo que o conceito de “estar com os rebeldes” é muito lato. Por exemplo, não entregar à Turquia os oito militares turcos que pediram asilo político à Grécia é sinónimo de estar com os rebeldes? E como vai daqui em diante a Turquia usar os seus controlos fronteiriços para pressionar a Europa a deixar de “estar com os rebeldes”, queira isso dizer o que queira? E o que fazem os líderes europeus caso Erdogan, com menos folclore, mais racionalidade e umas forças armadas purgadas mas bem treinadas, entre na espiral de confronto-amizade-chantagem como durante anos fez Kadafi? Telefonam para Washington e esperam que o presidente norte-americano, seja ele qual for, mobilize os nascidos no Ohio ou no Kansas para reforçarem a presença militar nas bases norte-americanas na Europa, precisamente aquelas contra as quais não houve estudante europeu que não achasse de bom tom manifestar-se?

    Na escola aprendíamos como os romanos fizeram o seu império. Na verdade devíamos ter estudado mais como o desfizeram. Porque Honório e a sua galinha não aconteceram por acaso. Eles são o resultado de uma sociedade que se derrotou a si mesma antes de ser derrotada pelos outros. De um império que acabou a ter de pagar para não ser atacado por aqueles a quem antes pagara para que o defendessem.

    Da próxima vez que o estrépito de um atentado nos distrair dos Pokémons, em vez de desabafarmos no facebook será bem mais útil ir estudar os romanos. Honório e a sua galinha fazem parte do nosso passado e nós já estivemos mais longe de nos refugiarmos em Ravena".